Nos meses de janeiro e
julho, Manuela ia passar suas férias, na casa de sua avó Marguerite.
Vovó Marguerite, era uma
senhora agricultora muito distinta e de larga amizade no bairro em que morava.
Possuía
muitos alqueires de terra, os quais lavrava, para plantar e colher alimentos,
para si e para o seu gado leiteiro, porcos, cavalos, galinhas, marrecos e
patos.
Suas finanças eram
sustentadas pela venda do leite, que o carroceiro Sr. Alberto, buscava todas as
manhãs, pela venda de ovos, que as galinhas punham, e para seu consumo,
engordava as galinhas que não eram poedeiras,
bem como patos, marrecos, e vez ou outra também, carneava um porco, que
lhe rendia: carne, banha, linguiça, e geléia, iguarias que guardava
armazenadas, dentro de uma lata de banha, e a colocava embaixo da casa, num
lugar bem fresco, que servia de refrigerador. Na casa de vovó Marguerite, não
havia energia elétrica, assim, os produtos que necessitavam de armazenamento
frio, eram guardados no porão da casa.
Certo dia Manuela, enquanto
passava suas férias na casa de sua avó, expressou a vontade de ganhar uma
bezerrinha, no seu aniversário. E, assim, tão logo, uma vaquinha Jersey criou,
vovó Marguerite, presenteou sua neta, com uma bezerrinha Jersey, vermelha com
manchas brancas.
Manuela ficou muito feliz,
com sua bezerrinha e pediu a seu pai, que fosse buscá-la, após as férias, e
levasse sua bezerrinha, que havia batizado de Mimosa, para casa.
Chegando em casa, Manuela,
foi logo arrumando um lugar, com palhas e panos, para sua pequena Mimosa
dormir. Comprou uma mamadeira, para dar-lhe o leite três vezes por dia.
Após passarem-se algumas
semanas, Mimosa foi solta para correr pelo pasto, que ficava atrás dos ranchos
do gado, e esta aprendeu a comer grama e capim, que Manuela colhia no quintal
de casa.
–
Ebaaa!!! E agora vem o melhor!!!
Dia dez de maio, Mimosa
completava um ano e foi homenageada com festas e flores.
Manuela e seu irmão João,
passaram o dia enfeitando a cocho e arredores, onde Mimosa comia seu capim com
farelo, à noite na hora da ordenha.
O rancho todo estava
enfeitado com capim da melhor qualidade, flores, calêndulas amarelas, girassóis
e margaridas, sem contar os grandes laços amarelos e brancos, feitos de papel
crepom.
O espaço para receber
Mimosa, estava lindo e festivo. Até uma passarela com pétalas de flores e capim
estava aguardando-a.
Vovó Marguerite, que morava
em Ibirama, foi convidada à participar da festa.
Manuela e João estavam
radiantes de felicidade. Mal viam a hora de ouvir as badaladas do sino das
dezoito horas, momentos em que as vacas sabiam que deveriam entrar para comer e
serem ordenhadas.
Mas um detalhe, as flores e
fitas haviam sido pregadas com percevejos e fita adesiva, para que a decoração
permanecesse por bastante tempo.
O momento finalmente chegou:
Abriram-se as portas do
rancho e as vacas entraram. Mimosa a aniversariante, em primeiro lugar. Muito
chique! Até em seu rabo amarraram uma fita de cor amarela.
João e Manuela, felizes por
demais, cantaram os parabéns, acenderam velas e festejaram eufóricos, com a
presença de vovó Marguerite. Quanta
alegria!!!
Mas eis que de repente, sem
muita cerimônia, Mimosa, achando-se
dona de tudo, devorou além do capim e da ração, também toda a decoração.
João e Manuela ficaram
perplexos!!!
E, de repente, uma
curiosidade tomou conta daquelas crianças.
Raciocinavam e João falou:
–
Manuela, se Mimosa comeu todas as flores e os laços amarelos, será que ao ser
ordenhada, dará seu leite amarelo?
–
O que dirá a mamãe, se o leite vier de cor amarela?
– O que diremos a ela?
–
Quem irá tomar leite amarelo?
– Que
cor formará o leite amarelo, se o misturarmos ao achocolatado?
Estas e tantas outras
dúvidas se instauraram na mente ingênua das crianças.
Espreitaram curiosas, pra cá
e pra lá, esperando a bronca que viria, se o leite, de fato, viesse na cor
amarela.
– E
os percevejos?
–
Mimosa os havia engolido?
–
E se ficasse doente?
–
Quem assumiria a responsabilidade?
–
Colocariam a culpa em Pedro, que era o responsável pelo gado e pela ordenha?
–
Não, isso não!!! Seria muita crueldade!
Assim, buscaram apoio e
conforto, no conhecimento de vovó Marguerite.
Esta lhes sugeriu que
aguardassem a ordenha terminar, para verificarem o resultado.
– Que
sufoco!!!
Assim, após a ordenha, ao
verem que o leite de Mimosa continuava branco, como todos os dias, respiraram
aliviados.
Vovó então, os convidou para
uma conversa esclarecedora, a respeito da alimentação e dos cuidados com os
animais, gado leiteiro.
Além da alegria da festa,
foi grande a aprendizagem para as duas crianças.
Deste dia em diante, tratavam Mimosa com capim e ração, conforme
orientação de sua avó e entenderam que festas deste nível, dever-se-iam fazer
para seres humanos. E gado ou outros animais, deveriam ser tratados conforme
seus costumes e técnicas agrícolas
Parabéns e felicidades a todas as crianças!
Lorena Zago - Presidente Getúlio - SC
Outubro 2022
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